quinta-feira, 15 de julho de 2010


Um recorrente debate na história da construção tem oposto o primado das
formas ao das invenções estruturais. De um lado defende-se que as revoluções
formais resultaram directamente dos novos materiais ou métodos de construção;
do outro argumenta-se que as mudanças operadas na visão do mundo ou nas
intenções estéticas apenas adaptam as técnicas ás intenções e objectivos
expressivos. Este ensaio procura reflectir sobre o modo como as conquistas
estruturais lideradas pela engenharia no quadro dos materiais, das técnicas e
dos sistemas, foram de capital importância para a arquitectura que se produziu.
Em 1750 a fundação da École des Ponts et Chaussées marca uma nova
era na história da construção com a formação especializada do engenheiro. De
facto, com o advento da engenharia, baseada no desenvolvimento e utilização
dos novos materiais, os elementos estruturais passaram a ser considerados de
um modo abstracto. Isto é, a concepção arquitectónica oitocentista assente no
primado da composição começava a ser substituída por uma concepção
estrutural determinada pela matéria e pela finalidade. Este facto, revelado nas
obras pioneiras de engenheiros realizadas inicialmente com ferro - a arquitectura
de engenheiros como se passou a designar1 - influenciou profundamente o
desenvolvimento da arquitectura moderna. À noção clássica de forma e de
proporção acrescentava-se a necessidade de ter em conta o material com que
se construía.
Por isso se pode afirmar que as transformações na construção do século
XX decorrem fundamentalmente da influência dos progressos técnicos quer
sobre o universo dos materiais de construção, quer sobre o desenvolvimento e
aperfeiçoamento dos sistemas . Por exemplo, a utilização do elevador constituíu
um factor vital nas mudanças económicas e sociais que acompanharam o surto
de urbanização das cidades. Na mesma ordem de ideias se pode referir que as
diferenças climáticas foram progressivamente atenuadas porque, quer os
equipamentos, quer os materiais, foram desenvolvidos no sentido de moderar.

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